25 Jun 2015 às 15:00 0 4265 Tecnologia
A Historia da Interface Gráfica nao veio da Apple ou mesmo Microsoft e sim de uma equipe de engenheiros da Xerox PARC.
Xerox PARC foi o incubador de vários elementos dos computadores atuais. Vários já faziam parte do primeiro computador pessoal, o Alto, que incluía muitos aspectos do modelo atual de uso dos computadores: omouse, gráficos em cores, um editor de texto WYSIWYG, InterPress (uma linguagem gráfica de descrição de página independente da resolução e precursora do PostScript), Ethernet, programação orientada a objeto na linguagem de programação Smalltalk e ambiente de desenvolvimento integrado. A impressora a laser foi desenvolvida na mesma época, como parte integrante do ambiente geral.
Entre os distintos pesquisadores do PARC encontravam-se dois ganhadores do Prêmio Turing: Butler W. Lampson (1992) e Alan Kay (2003). A ACM Software System Award reconheceu o sistema Alto em 1984,Smalltalk em 1987, InterLisp em 1992 e Chamada de procedimento remoto (RPC) em 1994. Lampson, Kay, Bob Taylor e Charles P. Thacker receberam o prestigiado prêmio Charles Stark Draper da National Academy of Engineering en 2004 pelo seu trabalho no sistema Alto.
A interface gráfica, ou GUI (Graphic User Interface), formada por elementos metafóricos (os folders, a lixeira, dentre outros elementos icônicos), foi o fator determinante para a disseminação do computador pessoal, transpondo-o do ambiente acadêmico e científico para o ambiente doméstico. O marco dessa revolução foi o lançamento do Apple Macintosh em 1984, a convergência da ideologia de Steve Jobs com a genialidade de Steve Wozniak. O computador pessoal foi o marco inicial da revolução tecnológica e cultural que estamos vivenciando.
PRIMÓRDIOS
Como toda inovação tecnológica, muitas das idéias desenvolvidas em torno da GUI, surgiram décadas antes de sua implementação. Em 1945, Vannevar Bush publicou um artigo intitulado “As We May Think” onde descrevia um aparelho parecido com uma mesa, constituído por dois monitores tochscreen, um teclado e um scanner, que teria a capacidade de acessar todo o conhecimento humano utilizando-se de conexões e cruzamentos informacionais (princípio baseado nas sinapses humanas) de uma forma anárquica, sendo o precursor do hyperlink. A esse aparelho, deu-se o nome de “MEMEX”.
Essas idéias influenciaram o engenheiro elétrico Douglas Englebart, que viu na II Guerra Mundial (Infelizmente, determinados avanços tecnológicos ocorrem em função das guerras), e sua demanda tecnológica por computadores mais velozes, a oportunidade de desenvolver um computador baseado nos princípios de Bush. Em 1962, Englebart publicou um artigo intitulado “Augmenting Human Intellect”, onde defende o uso de computadores como a forma mais eficaz de auxiliar o homem na resolução de problemas complexos. Lembrando que os computadores da época eram constituídos por enormes mainframes, onde a interação se dava por meio de cartões perfurados, e seus resultados computados, apresentados em horas ou mesmos dias depois. A idéia de interação em tempo real era impensável naqueles tempos.
Foi em 1968, que Englebart apresentou diante de um público estupefato, o resultado de seus experimentos. O oN-Line System, um computador com uma tela baseada em cálculos vetoriais, dois teclados e uma caixa com três botões conectada ao computador através de um cabo (o que viria ser chamado de mouse). E o mais revolucionário, ele se conectava à múltiplos computadores, possuía sistema de hyperlinks além de mensagens instantâneas, email e até mesmo vídeo conferência. Um dispositivo muito à frente de seu tempo. Infelizmente o produto se resguardou no conceito, pois era financeiramente inviável transformá-lo em algo comercial.
O oN-Line System e seu mouse de 3 botões
PALO ALTO RESEARCH CENTER, XEROX PARC
O conceito computacional criado por Englebart, influenciou toda uma geração de cientistas da computação, muitos deles viriam a trabalhar no laboratório de pesquisa da Xerox em Palo Alto. O Xerox Parc, como ficou conhecido, foi inaugurado em 1970, e tinha como principal lema criar as bases da computação do futuro. Foi lá que, em 1973 surgiu o ALTO, primeiro computador comercial dotado de uma interface gráfica, mouse e um monitor mapeado por pixels, apresentando menus, ícones, janelas, além da possiblidade de se comunicar com outros computadores através de uma porta Ethernet.
Posteriormente, uma versão mais simplificada desse sistema, denominada Xerox Star 8010 Document Processor, foi lançada em 1981 a um custo de U$17.000. A Xerox foi a primeira empresa a adotar um sistema de interface metafórica, remetendo à elementos do ambiente de um escritório, pois acreditavam estar alinhados ao modelo mental de usuários (os computadores eram destinados ao mundo empresarial) para representar ações dentro de um ambiente não familiarizado pelos mesmos.
Tela do Xerox Star 8010 Document Processor
O MACINTOSH E A LUTA CONTRA O GRANDE IRMÃO
Uma empresa fundada em uma garagem em 1976 por Steve Jobs e Steve Wozniak, e que havia feito relativo sucesso com seu computador, o Apple II, viu na GUI uma forma de realizar a ideologia de Jobs: tirar o computador do ambiente científico e empresarial e levá-lo ao ambiente doméstico. Naquele tempo muitos pesquisadores da Apple que haviam trabalhado para a Xerox, recriaram o que estava sendo feito em sua antiga empresa. Jef Raskin, um dos idealizadores da interface do Macintosh, foi o responsável por introduzir os princípios da GUI a Jobs e engenheiros da equipe, que fizeram uma visita aos laboratórios da Xerox, e reconheceram que o futuro da computação estava na interface gráfica. Posteriormente Raskin lançou uma livro, onde relata os princípios que permearam a criação da GUI do Macintosh, intitulado The Humane Interface, um clássico da IHC.
Há muita controvérsia sobre esse assunto, muitos alegando que Jobs simplesmente “roubou” as idéias da Xerox e posteriormente pagou seu preço quando a Microsoft copiou parte do sistema operacional do Macintosh e o lançou sob o nome de Windows. Alguns autores alegam que a Apple pagou um valor considerável para ter acesso e o direito de reproduzir alguns dos projetos (muitos deles ainda em nível conceitual) que estavam sendo desenvolvidos em seus laboratórios. Enquanto Jobs fazia a tour pelas instalações, ele visualizou o futuro da computação:
“…eles me mostraram algumas coisas interessantes, mas eu estava tão maravilhado com a interface gráfica que de certo modo não prestei atenção em mais nada…”
Muitos designers consideram o trabalho de Engelbart, seguido pelo experimentos realizados pelo PARC e a realização de um produto comercial pela Apple, como o início de uma era ambígua, onde a tecnologia é “moldada” para parecer mais humana, mais acessível.
Interface gráfica do primeiro Macintosh.
WINDOWS E A PROLIFERAÇÃO DO COMPUTADOR PESSOAL
No anos seguintes, inúmeras empresas criaram sistemas operacionais, explorando a metáfora criada pelo PARC, porém muitas delas desapareceram ou foram compradas, restando no início da década de 90, os sistemas Macintosh desenvolvido pela Apple e Windows desenvolvido pela Microsoft, se tornando extremamente popular a partir de sua versão 3.0. Mas foi com o Windows 95 que a Microsoft se consolidou com uma das gigantes da tecnologia.
Tela inicial do Windows 95, apresentando o seu novo menu “Iniciar”.
A Apple, após adquirir a NeXT (e com ela, Steve Jobs, que havia sido demitido), redesenhou e reescreveu totalmente seu sistema operacional, deixando-o mais atraente e funcional, lançando-o com o nome de Aqua. Foi nessa versão em que o Dock apareceu pela primeira vez.
Muitos dos elementos existentes nos atuais sistemas operacionais, como o Windows 7 e o Mac OS Snow Leopard ainda utilizam recursos e metáforas trazidas dos anos 80. Algumas pessoas criticam que a evolução em termos de interface está estagnada, porém acredito que muito tem a ser feito. O surgimento de produtos dotados de NUI - Natural User Interfaces (assunto para um próximo post), ou interfaces gestuais, como as telas multitouch de celulares e tablets, além de controles espaciais como o Playstation Move ou mesmo a ausência destes, como acontece com o Xbox Kinetic, provam que novos paradigmas de interação estão surgindo para deixar a tecnologia mais humana.
Grandes mudanças viram no futuro...
Fonte.: Infoescola, Wikipédia