Queda é semelhante à verificada em todo o ano de 2012; segundo analistas, piora de resultados e queda das ações da empresa influencia o resultado
LUIZ GUILHERME GERBELLI
A perda dos cotistas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) da Petrobrás está em 11,89% este ano. O desempenho negativo já é praticamente igual ao de todo o ano de 2012, quando a queda foi de 14,1%, de acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A rentabilidade do FGTS da Petrobrás acompanha o desempenho ruim dos papéis da empresa no mercado acionário. Neste ano, até a última sexta-feira, as ações preferências da companhia caíram 9,48%, e as ações ordinárias recuaram 19,59%. Em 12 meses, a queda está em 22,33% e 35,42%, respectivamente.
`Os últimos resultados da Petrobrás não atingiram as expectativas de mercado, aí o preço da ação sofre e, consequentemente, o valor da cota do fundo também sofre `, diz Silvio Paixão, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi)
Os papéis da petrolífera na BM&FBovespa estão em queda por diversos motivos. Mais recentemente, têm pesado os resultados financeiros ruins. Este mês, por exemplo, a Petrobrás informou que o lucro líquido do ano passado foi de R$ 21,182 bilhões, ou 36% menor do que o verificado em 2011.
Num histórico mais longo, de acordo com os analistas de mercado, pesaram para a performance ruim dos papéis da empresa na Bolsa, a capitalização de R$ 120 milhões em 2010 - que levou à diluição dos acionistas minoritários -, a defasagem de preço do combustível na comparação com o mercado internacional e a ingerência do governo federal na empresa.
Efeito crise. Em relação ao FGTS da Petrobrás, a inversão de desempenho começou justamente com a crise internacional em 2008. Naquele ano, a aplicação teve rendimento negativo de 45,83%. Antes disso, entre 2002 e 2007, o retorno foi de 860,1% no período, ou de 45,8% ao ano, de acordo com cálculo do professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Ricardo Rochman. `O tempo correto para resgatar o dinheiro do FGTS era 2007, quiçá 2008 ou 2009 `, afirma o professor.
O resultado ruim do fundo nos últimos anos acabou corroendo parte do ganho obtido no passado. De 2002 até fevereiro deste ano, o rendimento do FGTS da Petrobrás está em 11,12% por ano, abaixo dos quase 46% verificados no auge do fundo. Para efeito de comparação, o fundo da Vale tem ganho anual de 23,69% no período.
É importante ressaltar que, desde 2002, o desempenho do fundo da petroleira é bem maior do que os 4,9% ao ano do FGTS tradicional, cujo rendimento anual é de 3%, com o acréscimo da variação TR (Taxa Referencial).
Para os atuais 73.334 cotistas do FGTS da Petrobrás que não precisam desse dinheiro para o curto prazo, a melhor recomendação é manter a aplicação e esperar uma melhora dos papéis da Petrobrás. `Muita gente não consegue ter acesso ou resgatar esse dinheiro, a melhor recomendação é deixa como está. É possível correr um pouco mais de risco e esperar que as coisas revertam para a Petrobrás `, diz Rochman.
Na avaliação de Roberto Altenhofen, analista da Empiricus Research, o investidor que optar por desistir da aplicação estará saindo na baixa. `O investidor já acumulou anos de baixa. Sair agora pode não ser tão inteligente. E outra, a saída desse fundo é bastante limitada: o investidor teria que comprar uma casa própria ou cairia na conta básica do FGTS. `
Já no mercado acionário, as recomendações para os papéis da companhia ainda dividem opinião. `Pelo custo de oportunidade, tem muita coisa melhor nesse momento `, diz Roberto Indech, da equipe de equity sales do home broker Rico. No momento, diz ele, a corretora não recomenda nem a compra nem a manutenção dos papéis da Petrobrás.
FONTE: O Estado de S.Paulo