Em igual período, a atividade no país aumentou 0,15%, segundo o BC.
Indústria e comércio ajudaram o Nordeste no início do ano. Nos primeiros três meses, a produção industrial de Ceará, Pernambuco e Bahia, três Estados pesquisados pelo IBGE, avançou 3,6% sobre o último trimestre do ano passado na série dessazonalizada. Na mesma comparação, as vendas do varejo tiveram alta de 4,8%, segundo cálculos da LCA Consultores com base na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Para Adriano Pitoli, economista da Tendências Consultoria, a seca que atinge boa parte dos Estados nordestinos puxou para baixo o ritmo da atividade econômica da região neste início de ano.
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Apesar de as safras se concentrarem no primeiro semestre, explica Pitoli, o efeito de baixa causado pela seca se estenderá pela economia nordestina ao longo do ano, porque as quebras de safra afetam a renda agrícola regional. Devido à estiagem, a Tendências projeta que a produção de feijão do Nordeste, concentrada na Bahia e no Ceará, recue 44% este ano. As safras de arroz, algodão e milho devem cair 15%, 6,5% e 5,6%, respectivamente, nas estimativas da consultoria, o que afetará as economias dos Estados da Bahia, Ceará, Sergipe, Maranhão, Piauí e Pernambuco. Mais de 230 municípios baianos estão em situação de emergência por causa da falta de chuvas no Estado, no que é considerada a pior seca dos últimos 30 anos.
Devido aos efeitos da seca, a Tendências vai cortar sua projeção para o crescimento econômico do Nordeste, que era de 4,3%. "Teve um choque muito grande. Vamos nos debruçar para estimar em detalhe o impacto dessas quebras de safra e nossa projeção para o PIB do Nordeste deve mudar significativamente", disse Pitoli.
Outro dado negativo da economia nordestina que se aprofundou no primeiro trimestre deste ano foi a geração líquida de empregos formais. Houve um saldo negativo acumulado na região em janeiro, fevereiro e março de 36,6 mil vagas, de acordo com o Caged. Em igual período do ano passado, foram eliminados 22,8 mil postos de trabalho. A indústria foi o principal setor a demitir no Nordeste neste início de ano. Somente em março, cortou 37,2 mil empregos.
Alexandre Rands, sócio da consultoria Datamétrica, especializada em economia nordestina, explica que a retração observada no Nordeste reflete basicamente a conjuntura em curso no país, porém com efeitos potencializados. "São os mesmos fatores que puxam para baixo a economia do país como um todo, no caso o breque no crédito e no consumo. Só que o Nordeste depende ainda mais do consumo das famílias do que o Sudeste, por isso sente mais os efeitos", explicou o economista.
Isso acontece, em boa medida, por conta da defasagem de porte e de eficiência das empresas do Nordeste, quando comparadas às do Sul e Sudeste. "Em uma situação de queda na demanda nacional, as empresas mais eficientes, que geralmente estão no Sudeste, têm mais condições de inundar o Nordeste com seus produtos. Isso acontece muito com o leite e o etanol, por exemplo, e quem acaba pagando o preço são o empresário e a economia do Nordeste, que sentem mais o golpe", explicou Rands.
FONTE: Informações do jornal Valor